TFG (parte 4a) - 3. PROPOSTA - objeto e local
- Lu_rsr
- 5 de fev. de 2023
- 6 min de leitura
Atualizado: 4 de abr. de 2023
Este capítulo será destinado ao registro do desenvolvimento do exercício projetual: desde a escolha do local e do objeto - as intenções propostas; passando por todo o processo de investigação de partido - as reflexões sobre e a compatibilização entre conceitos estudados e pretendidos e aqueles materializados nas propostas; até o produto final - o reflexo de todo o estudo.
Procura-se ressaltar, dessa maneira, a importância dessa forma prática e complementar de estudo para o entendimento e esclarecimento dos assuntos abordados anteriormente neste trabalho.
3.1. A ESCOLHA DO OBJETO
O fascínio pelas artes cênicas e sua capacidade de motivar e desenvolver de distintas formas um ser humano foram fontes motivadoras para a busca do tema e do objeto que se desenvolvem ao longo deste trabalho.
Num primeiro momento, houve uma reflexão, uma busca por alguma relação entre este assunto e Arquitetura e Urbanismo. Observou-se, então, a existência de um desejo à liberdade de usufruição, de uma necessidade de reação, de uma dependência existencial, dentre outros entre espectadores e espetáculo e cidadãos e cidade... Por exemplo: os constantes estímulos a que se é submetido ao longo de uma apresentação - o despertar para a reflexão, a curiosidade, o inesperado, o conhecimento, a cultura -, possibilitam novas experiências e percepções às pessoas. Já numa cidade, em que local, em que momento, sob quais circunstâncias este estímulo ao cidadão ocorre ou deveria ocorrer? Foi, então, que houve uma maior conscientização dos espaços públicos da cidade.
É sob este aspecto - de instigar aquele que observa e reage diretamente a um contexto - que se pôde estabelecer uma afinidade entre os objetivos das representações teatrais e os objetivos dos espaços públicos urbanos. "Tanto o teatro quanto o espaço urbano são lugares de representação, de reunião, e de trocas entre atores e espectadores, entre o drama e o lugar de cena."[1] Da mesma forma, sob uma associação mais direta, estabeleceu-se como principal objeto arquitetônico o desenvolvimento de um teatro enquanto equipamento cultural.
Cabe dizer ainda que não é incomum a associação entre teatro e suas formas de representações e sociedade e vida urbana. Segundo Evelyn Furquim Lima:
"Essas edificações [destinadas ao espetáculo teatral] significaram, em épocas distintas, o próprio palco no qual atuou a sociedade, o mesmo acontecendo com as praças onde se concentraram verdadeiros 'teatros' da vida pública. Tanto uma grande cidade quanto um palco cênico têm um problema em comum. Trata-se da questão do público, ou seja, do fato de que tanto o ator no palco quanto o cidadão que usufrui do espaço público assumem uma personalidade específica num meio de desconhecidos.
Entender a sociedade como de fosse um teatro é uma das mais antigas concepções da sociedade. É a tradição do theatrum mundi. A vida humana como um espetáculo de fantoches encenado pelos deuses era a visão de Platão nas Leis. Por volta do século XVII, quando se falava do 'mundo como teatro', começou-se a imaginar um novos público: seriam espectadores uns dos outros e a audiência usufruiria a representação e as falsas aparências da vida diária. Autores como Balzac, Baudelaire e Thomas Mann, ao longo da História, elaboraram essa identificação entre teatro e sociedade."[2]
Ao longo do estudo, percebeu-se, porém, uma relação mais complexa entre arquitetura e espaço público sob as intenções propostas - valorizar e evidenciar ambos concomitantemente -, revelando-se mais adequado um programa mais extenso. Dessa forma, foi desenvolvido no terreno de 8.760m² um programa com atividades complementares na intenção de estimular os demais usos, assim como dinamizar o espaço, totalizando 21.880m² de área construída e incorporando a ligação existente de acesso ao Metrô.
Logo, o equipamento cultural foi composto por uma sala de teatro com capacidade para 1154 pessoas e um auditório com capacidade para 465 pessoas a fim de atender diferentes produções e um público mais diversificado. Além disso, para instigar e incentivar o uso do teatro, uma escola para artes cênicas complementa o conjunto.
Uma área destinada a eventos também foi incorporada podendo servir de área complementar às escolas do entorno que podem utilizar o espaço para organizar, por exemplo, apresentações e debates. É um espaço que ainda permite organizações de congressos, reuniões e palestras atingindo um público gerado principalmente pela polaridade comercial da Av. Paulista e pela proximidade de hotéis e hospitais.
Outra atividade incluída ao conjunto é um restaurante em sistema de quilo que atenderá principalmente ao público estudantil e empresarial existente na região. Em complemento, um bar-café estimulará maior uso noturno do espaço, servindo, também, de apoio ao público do teatro.
[1] LIMA, Evelyn Furquim Werneck; CARDOSO, Ricardo Jose Brügger. Arquitetura e teatro: o edifício teatral de Andrea Palladio a Christian de Portzamparc. Pág. 10
[2] LIMA, Evelyn Furquim Werneck. Arquitetura do espetáculo: teatros e cinemas na formação da praça Tiradentes e da Cinelândia. Pág. 307
3.2. A ESCOLHA DO LOCAL
A decisão pelo local de intervenção demorou a ser consolidada uma vez que houve a intenção de se encontrar um lugar com características pré-existentes que diferissem nesta discussão. Fluxo de pessoas e veículos, variedade de interesses, abrangência dos sistemas de transportes, topografia, peculiaridades do entorno estão dentre essas características.
Segundo Lynch: "Uma imagem clara nos permite uma locomoção mais rápida e fácil: encontrar a casa de um amigo, um policial, um armarinho. Contudo, um ambiente ordenado pode fazer mais do que isso; pode servir como um vasto sistema de referências. (...) Portanto, uma imagem clara do entorno constitui uma base valiosa para o desenvolvimento individual.(...)Uma boa imagem ambiental oferece a seu possuidor um importante sentimento de segurança emocional. Ele pode estabelecer uma relação harmoniosa entre ele e o mundo à sua volta."[3]

Figura 75: análise de número de pavimentos Ilustração elaborada pelo autor. Mar/2011

Figura 76: análise de uso e ocupação do solo Ilustração elaborada pelo autor. Mar/2011

Figura 77: análise de estado de conservação
Ilustração elaborada pelo autor. Mar/2011

Figura 78: Mapa de Situação Ilustração elaborada pelo autor. Mar/2011
Esta região da Vila Mariana atende a diversos públicos uma vez que concentra escolas, faculdades, hospitais, residências, serviços e comércio, intensificado pela presença do Colégio Bandeirantes, da Catedral Ortodoxa, do Centro Cultural de São Paulo e do Shopping Paulista. A Avenida Bernadino de Campos é caracterizada por um intenso fluxo de pessoas e veículos por dar continuidade à Avenida Paulista e conter pontos de ônibus e saídas da Estação Paraíso. Além disso, tem-se um fluxo maior nesta estação por ser uma Estação de Integração entre a linha verde e linha azul do Metrô.
Outro fator importante é a vocação da área. A linearidade criada pelo Centro Cultural São Paulo, Praça Rodrigues de Abreu e Colégio Bandeirantes estabelece um eixo cultural – social, que se reforça pela implantação de um teatro na área escolhida. A localização do terreno também permite explorar as vistas para a cidade – por estar num relevo ascendente e pela proximidade com a Avenida 23 de Maio, Praça Rodrigues de Abreu, Catedral Ortodoxa –, enriquecendo o estudo da relação do espaço público com a cidade e com o equipamento.
Para melhor entendimento e exploração da área, foi feito um levantamento fotográfico, assim como representações tridimensionais através de maquetes - física e eletrônica - da área de intervenção. Dessa forma foi possível a verificação de visuais, desníveis, induções, proporções, entre outros ao longo do desenvolvimento do projeto com maior fidelidade ao local existente. Na sequencia, o registro desse primeiro processo.
Figura 79: croqui de análise de visuais interessantes da área
Croqui elaborado pelo autor. Mar/2011

Figura 80: croqui de análise de aspectos importantes da área Croqui elaborado pelo autor. Mar/2011

Figura 81: Elevação da R. Correia Dias (lado oposto ao terreno)
Ilustração elaborada pelo autor. Mar/2011

Figura 82: croqui com sequencias de fotos do entorno (A e B) Croqui elaborado pelo autor. Mar/2011

Figura 83: croqui com sequencias de fotos interna do terreno (C)
Croqui elaborado pelo autor. Mar/2011

Figura 84: Sequencia A de fotos do entorno
Ilustração elaborada pelo autor. Mar/2011

Figura 85: Sequencia B de fotos do entorno
Ilustração elaborada pelo autor. Mar/2011

Figura 86: Sequencia C de fotos interna do terreno
Ilustração elaborada pelo autor. Mar/2011

Figura 87: croqui com indicações de visuais Croqui elaborado pelo autor. Mar/2011

Figura 88: vista para o terreno da Praça Arquivo Pessoal do Autor. Mar/2011

Figura 89: Vista para o terreno da esquina Av. Benadino de Campos x R. Ramon Penharrubia Arquivo Pessoal do Autor. Mar/2011

Figura 90: Vista para o terreno da esquina Av. Bernadino de Campos x R. Tomás Carvalhal Arquivo Pessoal do Autor. Mar/2011

Figura 91: Vista para o terreno da Av. Bernadino de Campos (sentido Consolação)
Arquivo Pessoal do Autor. Mar/2011

Figura 92: Vista para o terreno da Av. Bernadino de Campos (sentido Vila Mariana)
Arquivo Pessoal do Autor. Mar/2011

Figura 93: Vista para o Terreno da R. Tomás Carvalhal
Arquivo Pessoal do Autor. Mar/2011

Figura 94: vista do Viaduto Sta. Generosa (Av. Bernadino de Campos) sentido centro / Serra Arquivo Pessoal do Autor. Mar/2011

Figura 95: vista do Viaduto (R. Cubatão) sentido bairro / Parque do Ibirapuera Arquivo Pessoal do Autor. Mar/2011

Figura 96: (sequencia) maquete eletrônica - entorno Ilustração elaborada pelo autor. Abril/2011

Figura 97: maquete eletrônica - vista do terreno para a Catedral Ilustração elaborada pelo autor. Abril/2011

Figura 98: maquete eletrônica - vista da R. Cubatão para o terreno Ilustração elaborada pelo autor. Abril/2011

Figura 99: maquete eletrônica - vista da esquina R. Correia Dias x R. Vergueiro para o terreno Ilustração elaborada pelo autor. Abril/2011

Figura 100: maquete eletrônica - vista do Viaduto Sta. Generosa (Av. Bernadino de Campos) para o terreno Ilustração elaborada pelo autor. Abril/2011

Figura 101: (sequencia) maquete física - entorno
Arquivo pessoal do autor. Abril/2011
[3] LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Pág.4
[4] Segundo zoneamento da cidade de São Paulo – Parte III: Art.108. IV. Zonas centralidade polar - ZCP: as porções do território da zona mista destinadas à localização de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros regionais, caracterizadas pela coexistência entre os usos não residenciais e a habitação, porém com predominância de usos não residenciais
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