TFG (parte 4b) - 3. PROPOSTA - experimentações e partidos
- Lu_rsr
- 14 de fev. de 2023
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3.3. O PROJETO
Na intenção de estimular a reflexão sobre o tema escolhido, assim como verificar hipóteses geradas ao longo do trabalho, almeja-se desenvolver uma arquitetura que relacione espaço público, entorno, programa, usuário, cidadão, entre outros por meio de aspectos explorados na pesquisa.
Assim, como exercício projetual, pretende-se explorar no local em questão o desenho do espaço público na conformação de um teatro. Visto que um equipamento cultural implica na convergência de indivíduos pelo uso de um espaço público, seja para fins singulares ou coletivos, se espera que este equipamento sempre possibilite a utilidade de seu espaço na cidade – o desenho do lote não deve limitá-lo, mas potencializá-lo. Dessa forma, pretende-se desenvolver um teatro que atenda não somente às necessidades convencionais de seu programa, mas também permita maior envolvimento de seus usuários e não usuários. Seja criando ambientes que favoreçam o convívio social e a meditação dos cidadãos, seja fornecendo opções específicas de entretenimento como a peça teatral. Amplia-se, dessa forma, a percepção do espaço público, motivando uma identidade com o local não apenas pelo programa ou peça especifica, mas pelo bem estar que ali se condiciona.
Sob esses aspectos, espera-se criar uma composição instigante ao observador. Percursos e espaços de permanência pública revelam-se, então, instrumentos importantes para alcançar esta composição. Eles possibilitam explorar, por exemplo, as diferentes apreensões que o espaço e o distanciamento permitem: o observador-distante percebe uma composição e um ritmo na paisagem urbana, já o observador-próximo, utiliza outros sentidos para a percepção – o barulho ou movimento de pessoas pode fazê-lo mudar de direção, a claridade ou sombreamento pode levá-lo a outra direção. Tratam-se de escolhas casuais que fazem com que indivíduos perceberem o espaço de formas distintas. Mas, conscientizando-se disso, torna-se possível a exploração projetual de situações que possibilitem escolhas aos indivíduos a fim de induzi-los, por exemplo, a um ou outro lugar.
Assim, entende-se que as características do lócus devem ser elementos estruturadores da concepção do projeto para se criar um vínculo do conjunto projetado com a cidade e os indivíduos de forma mais qualificada.
3.3.1. EXPERIMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
No decorrer do ano, muitas idéias e propostas foram pensadas, desenvolvidas, revistas e, até, descartadas antes de se conceber a proposta final. Isso porque ao longo desse processo, verificou-se, por exemplo, inconsistências de conceitos, inviabilidades de soluções, pragmatismo ou idealismo excessivos. Mas foi através dessa sequencia de experimentações que houve a conscientização de aspectos e circunstâncias práticas não previstas ou abordadas na teoria e vice-versa. Situações que, ao final, favoreceram a fundamentação da proposta final.
Na sequencia, há o registro dos principais passos desse desenvolvimento, sendo os primeiros esboços dedicados às considerações limitantes do programa – caixa cênica, plateia, doca, acesso de veículos -, à determinação de elementos importantes do local – visuais, percursos, fluxos, desnível do terreno.

Figura 102 (sequência de duas imagens): croqui de estudos de posicionamento dos teatros - caixa cênica pode se tornar uma barreira física
Croquis elaborados pelo autor. Mar/2011

Figura 103 (composição de quatro imagens): croquis de estudos de implantação - percursos / acessos / visuais (onde setas azuis se referem ao nível do 1º subsolo - acesso metrô - e setas vermelhas, ao nível do térreo - Av. Bernadino de Campos)
Croquis elaborados pelo autor. Mar/2011

Figura 104: croqui do corte - contínua faixa pública
Croqui elaborado pelo autor. Mar/2011

Figura 105: croqui de estudos de volumetria - percursos / visuais
Croqui elaborado pelo autor. Mar/2011

Figura 106 (sequência de duas imagens): croquis de estudos de implantação - setorização / percursos
Croquis elaborados pelo autor. Mar/2011

Figura 107 (sequência de quatro imagens): croquis de estudos de volumetria - platéia voltada para a massa verde; permeabilidade do térreo
Croquis elaborados pelo autor. Mar/2011
Desenvolvimento De Partidos
O cuidado principal ao desenvolver o partido foi de aproveitar espaços e visuais existes no local, transformando-os em pólos atrativos do conjunto a fim de criar uma identidade com o sítio. A intenção é voltá-los para o uso público uma vez que essas características físicas se dão por meio de uma cidade pré-existente e, portanto, devem ser destinadas aos cidadãos antes dos usuários.
Para criar e estimular o uso desses espaços marcantes, pensou-se em situar os acessos às atividades neles. Todavia, uma das dificuldades encontradas foi qualificar esses espaços sem comprometer a funcionalidade das atividades propostas e vice-versa.
Outro aspecto considerado no partido foi de envolver os cidadãos ao conjunto por meio de percursos que ainda permitissem a visualização das atividades ali desenvolvidas. Dessa maneira, seria possível criar uma dinâmica no espaço que não só valoriza todo o trajeto e assegura o pedestre como também estimula-o a tornar-se usuário.
Logo, o desenvolvimento da implantação revelou-se fundamental para dar continuidade a proposta.[27] Dessa forma, houve uma dedicação maior a esta etapa, refletindo e experimentando situações que se adequassem de forma mais qualificada às intenções do partido.
Num primeiro momento (possibilidades A e B) , a funcionalidade do conjunto teve prioridade pensando-se na concentração das atividades num único núcleo. Grande parte do terreno, dessa forma, seria destinada ao uso público, criando um espaço que envolveria este núcleo e seria uma extensão da cidade. Além disso, permitiria fácil identificação das atividades do conjunto. Porém, houve pouca integração entre as atividades e o espaço, dificultando a criação de percursos e não criando um espaço estimulante ao cidadão e usuário.
Num segundo momento (possibilidade C), com a intenção de instigar o cidadão a usufruir essas áreas livres pensou-se em percursos que permitiriam a permeabilidade e uso público do lote. As diretrizes desses percursos foram traçadas de modo a destacar aquelas principais características e visuais do lote. Porém, ao fazer isso, as atividades programadas ficaram muito segmentadas entre si e poderiam comprometer o funcionamento do conjunto.
Num terceiro momento (possibilidades D e E), mantendo a idéia dos percursos e livre usufruto do terreno, as atividades foram reorganizadas e novamente concentradas de modo a permitir melhor clareza das atividades que ali funcionam. Isso porque verificou-se no estudo que a ordenação de espaços traz ao pedestre maior segurança na escolha de uma caminho pois, ainda que este seja incerto, é possível visualizar uma sequencia de movimentos – geradas pelo acesso e uso dos programas.[28] Porém, dessa vez, área pública do terreno que ficou comprometida e sua integração ao funcionamento do conjunto, fragilizada.
[27] idéias abordadas principalmente no item 1.3 e capítulo 2 deste estudo

Figura 108 (composição de quatro imagens): estudos Possibilidade A
Croquis elaborados pelo autor. Mar/2011

Figura 109 (composição de quatro imagens): estudos Possibilidade B
Croquis elaborados pelo autor. Abril/2011

Figura 110 (composição de quatro imagens): estudos Possibilidade C
Croquis elaborados pelo autor. Abril/2011

Figura 111 (composição de quatro imagens): estudos Possibilidade C
Ilustrações e croqui elaborados pelo autor. Abril/2011

Figura 112 (composição de cindo imagens): estudos Possibilidade D
Desenhos elaborados pelo autor. Abril/2011

Figura 113 (composição de sete imagens): estudos Possibilidade D
Desenhos e iustrações elaborados pelo autor. Abril/2011

Figura 114 (composição de cinco imagens): estudos Possibilidade E
Desenhos elaborados pelo autor. Maio/2011

Figura 115 (composição de cinco imagens): estudos Possibilidade E
Desenhos e iustrações elaborados pelo autor. Maio/2011
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